Travessia da Garganta de Loriga
A serra da Estrela tem tantos recantos quanto de estrelas há no céu, cada um com a sua beleza e natureza próprias, cada um com a sua sumptuosidade única e por mais vezes que os vemos e admiramos não nos fartamos nem nos desilude, cada lugar é imperial e nos deslumbra, faz-nos pensar como está ali, leva-nos a retroceder a uns milhares de anos e entramos num imaginário tal a que não temos respostas, continuemos assim, em admiração por ela.
Objetivo: Travessia da Garganta de Loriga
Altitude: 1.873 M (máxima)
Tempo: 5 H.
Distância: 8 Kms
Dificuldade: Médio
Entrámos pela Garganta de Loriga adentro.
De cá do cimo contemplamos um vale, no ponto inferior desse formato em V percebemos uma espécie de mar, um horizonte bastante profundo que nos catapulta para uma série de questões do que haverá para lá desse ponto e o melhor é avançar sobre ele, vamos dar com quatro covões de uma natureza ímpar.
Em cada patamar de descidas entramos nos testemunhos da era glaciar, os covões do Boeiro, o do Meio, o da Nave, e o da Areia estamos numa espécie de anfiteatros em que cada um assistimos a espectáculos que nos deixam embasbacados de uma beleza invulgar, imponente rude e selvagem.
À medida que descemos temos horizontes diferentes, ali o tédio não tem lugar, ali dá-se uma invulgar certeza da grandiosidade da natureza que nos absorve os pensamentos de tal forma em que ali temos uma vida diferente daquela que vivemos dia a dia.
Ali não há pressa, nem pressão, ali não há tristezas nem coisas menos boas que nos assolem, ali só há sensações boas e desprendimento total de tudo, ali só se está feliz!
Nos circos glaciários sentimos uma espécie de protecção ladeados por aquelas escarpas em forma de paredes que nos protegem, as rochas ganharam formas ao longo dos anos, preencheram os seus espaços duma maneira muito própria, as moreias, essas desprendidas acompanham uma grande parte do percurso e quando passamos o último vale a paisagem muda, o granito não é tão marcante dando lugar a vegetação mais densa até à chegada a Loriga.
A paisagem é dinâmica mas cada rocha ocupa o seu lugar como único, não se mexe, nem com a força de mil homens sairá do seu lugar....
Partimos do largo do estacionamento das Salgadeiras, um pouco abaixo das pistas de ski, seguimos um estradão que nos conduz até ao Covão do Meio onde está a barragem de Loriga que por ali está desde 1953 da parte da antiga Hidroeléctrica da Serra da Estrela e que serve para armazenamento de água para a produção indirecta de energia eléctrica. No verão esta água é desviada através de um túnel para a Lagoa Comprida.
Contornamos a barragem pela parte de baixo do paradão e ali temos o príncipio do trilho que nos conduz à nossa aventura, está devidamente marcado, vamos de patamar a patamar, acompanhamos a linha de água e ouvimos águas a escorrer do nosso lado esquerdo, certamente águas vindas das lagoas que estão na parte de cima, a Serrana, Quelhas e Francelha.
Passa por nós um enorme rebanho, o pastor ainda muito jovem e um dos cães vem ter connosco para lhe darmos uma gulodice, estão habituados e sabem que não fazemos mal às reses que tem por missão defender.
Após passarmos os covões e iniciarmos uma descida mais abrupta vemos lá ao fundinho Loriga mas ainda estamos a meio do trajeto, continuamos numa marcha lenta porque admirar tamanha beleza não tem tempo, é o que sentirmos necessidade daí termos levado 5 horas que certamente noutro ritmo seria bastante reduzido mas queremos tanto ali estar e contemplar.
Está calor, é tempo de verão e pensamos seriamente em atingir as lagoas fresquinhas de Loriga ao mesmo tempo sentimos que temos de voltar a fazer o mesmo percurso no inverno mas ao contrário, de Loriga para cima, dá mais adrenalina, dinâmica e a emoção será diferente mas tão boa quanto aquela que fizemos.
A chegada às gélidas águas de Loriga foi o culminar da nossa actividade, retemperamos energias com uns bons mergulhos e um belo lanche com maravilhas da região.
Esta experiência já é nossa e por cada uma que temos tornamo-nos pessoas diferentes mas melhores, o encanto natural da serra da Estrela mexe por dentro de nós, venham experimentar. Aguardamos as vossas mensagens em discorveyemitions@gmail.com
Obs: Atividade realizada em Agosto de 2020