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Emotions in Beiras

Organizamos passeios meditativos com atenção plena à natureza. Ativar os sentidos e ver as coisas como elas são.

Emotions in Beiras

Organizamos passeios meditativos com atenção plena à natureza. Ativar os sentidos e ver as coisas como elas são.

Qui | 19.03.20

Terroeiro acima

Dulce Ruano

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Serra da Estrela tem imensos percursos pedestres, curtos e longos, fáceis e difíceis em que alguns exige uma maior preparação tanto física como de resistência à adversidade que pode surgir tal como as condições climatéricas, os desníveis, a altitude, os obstáculos físicos, contudo há uma certeza, é tudo deslumbrante, é tudo motivo para sentirmos a adrenalina a comandar as emoções.

Quando subimos a Serra da Estrela de carro, na zona entre o túnel e a Santa temos a sensação que vamos subir para o céu, deixamos de ver montanha e apenas se vê estrada e céu, mas à medida que continuamos e olhamos para a esquerda vemos o Terroeiro e a cumeada por cima da barragem do Padre Alfredo que dá até à zona da Torre. É magnifico o que se vê!

As escarpas desta cumeada que se vislumbram da estrada são majestosas e tentadoras, aclamam pela aventura e fizemos-lhes a vontade, fomos lá.

Objectivo: Subida ao Terroeiro

Tempo: 6 Horas / difícil

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Estávamos no Outono, tempo ameno, perfeito para esta árdua caminhada, deixámos o carro no Covão da mulher mesmo no sopé da Barragem do Padre Alfredo que abastece Unhais da Serra, seguimos por marcações sempre a pique até à linha de água, à medida que subimos sentimos cansaço e as pernas teimam em descansar porém as paisagens vão surgindo a toda a nossa volta e o cansaço é dominado pelo deslumbre do que vemos, algumas coisas vão-se tornando pequenas e outras agigantam-se.

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Antes de encontrarmos a linha de água somos surpreendidos por duas amigas de peso, estão bem tratadas, comem bom pasto e olham para nós como se se questionassem porque lhes invadimos o espaço, sentimos que são nossas cúmplices e continuamos a subir até chegarmos a uma bifurcação, para a direita a Torre, para a esquerda o Terroeiro.

Esta zona é ligeiramente mais plana e ajuda-nos a relaxar os músculos, ao mesmo tempo sentimos que chegámos a uma zona em que já não somos visíveis por ninguém aquele espaço passa a ser nosso e tentamos aproveitá-lo ao máximo sentindo os aromas, a relva, os arbustos, subimos rochas, sentimos a sua rugosidade. Voltámos ao percurso e atingimos o Terroeiro no seu marco geodésico.

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A paragem neste lugar é obrigatória por várias razões, pela magnitude, pela reposição de energias e acima de tudo pelo deslumbre do que a nossa vista atinge.

A descrição do que se vê é vasta, se para o lado direito vemos o Alto de S. Jorge na cumeada que dá para a portela de Alvoco da Serra, para o lado esquerdo vemos a cumeada que nos leva à Varanda dos Pastores com as Moreias a escorregar para o vale de Unhais da Serra.

No horizonte conseguimos ainda ver algumas aldeias e vilas, Paúl, Erada, Ourondinho entre outras e numa distância mais ousada ainda vemos a zona da barragem de Sta. Lúzia, muito mais se vê assim como ar puro e fresquinho se inspira e expira, é por estas que vale a pena o esforço da subida, faz-nos ficar mais felizes, únicos, radiantes e leves da carga pesada que vamos tendo na correria do nosso quotidiano.

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Há que pôr a mochila às costas e deixar o Terroeiro voltando pelo mesmo trajecto mas agora na direção da Torre contudo como este não é o nosso objectivo derivamos para a direita em direção aos corredores da cumeada que se encontram por cima da barragem do Padre Alfredo, a grande diferença do que se vê da estrada é que agora são uns desfiladeiros gigantes e quando chegamos à beira temos a sensação que somos sugados pelo ar frio e imponente que vem deste vale devido à sua altitude, estes corredores na vertical são de uma imponência e grandeza que nos provoca uma felicidade extrema de estarmos ali.

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Avançamos pelo trilho sempre ao redor dos precipícios até chegarmos a um relvão rodeado de rochedos altos e imponentes, é plano, totalmente coberto por relva e com uma pequena linha de água, paramos por uns instantes mas atravessamos em seguida e mal passamos as rochas surge outro relvão idêntico, ambos com imensos vestígios da passagem fresca e bem marcada pelos rebanhos de ovelhas, dando a sensação que servirão de bardo.

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Seguimos na direção da casa do Ski  de Portugal, infelizmente abandonada mas de uma arquitectura digna de se observar, iniciamos uma descida ao lado duma linha de água fresca e cristalina e saímos na estrada junto à Santa.

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Estando na Santa e fazendo o transbordo do alcatrão para o percurso final, andamos cerca de 200 metros e entramos à direita no Trilho do Major, composto uma grande parte por pedras tornando-se bastante irregular mas quase nem nos lembramos desse pormenor, a paisagem vista daqui é soberba, acompanhamos sempre ao lado do vale e da barragem, estamos numa altitude considerável em que tudo lá em baixo parece miniatura, olhando em frente voltamos a ver as moreias com aspecto escorregadio mas sabemos que estão intactas, a sua cor de chumbo mistura-se no verde dos arbustos e com o granito das rochas, o vale para Unhais dá a sensação que se fossemos levitados a partir dali iriamos entrar num mundo surreal.

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A descida pelo trilho é exaustiva ao mesmo tempo emocionante, o calor já apertava, estávamos no pico do sol e o que tínhamos feito para trás já nos pesava de alguma forma mas verdade se diga e o confessamos, aquela descida até ao Vale da Mulher foi alucinante e mais uma vez nos sentíamos poderosos. Fica o desafio para quem se atrever, venham, nós vamos outra vez.

Contactem.nos: discoveryemotions@gmail.com

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Atividade realizada em Outubro 2019