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Emotions in Beiras

Organizamos passeios meditativos com atenção plena à natureza. Ativar os sentidos e ver as coisas como elas são.

Emotions in Beiras

Organizamos passeios meditativos com atenção plena à natureza. Ativar os sentidos e ver as coisas como elas são.

Dom | 19.04.20

Rota dos Túneis

Dulce Ruano

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Poderia se chamar A Rota dos Túneis e das Pontes já que contempla 11 túneis e 20 pontes e a cada que se atravessa queremos mais e quando nos aproximamos do final dos 17 Kms não queremos que termine. Experiência fantástica.

Percurso: 17 Kms linear em linha de comboio

Grau dificuldade: Médio

Tempo: 4 a 6 Horas

O trajeto tanto pode ter inicio em Portugal como em Espanha, depende da opção ou conveniência, no caso, começámos em Espanha, na Estação de La Fregeneda com término em Portugal na Estação de Barca D’Alva, concelho de Figueira de Castelo Rodrigo, distrito da Guarda.

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Percurso inteiramente feito sobre a linha férrea desactivada em 1985 outrora vinda do Porto pela linha do Douro até Barca D’Alva seguindo depois por Espanha até Paris. Construída em 1887 sob o comando do Sr. Eiffel e considerada na época uma magnificente obra de engenharia devido à complexidade de abertura da via pelas escarpas características do percurso.

Carril.jpgComposto por 20 túneis, 11 pontes (2 são pontões) e de paisagens paradisíacas todas capaz de tirar o fôlego a qualquer um que não resista à beleza composta por montes, rios, escarpas, flora, fauna e à provocação da altitude das pontes bem como da irreverência sentida a cada entrada de túnel.

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Apesar de ser uma linha deixada ao abandono, em 2018 foi preparada pela junta de Salamanca para fins de exploração turística que até à data ainda se mantém fechada e por tal encontra-se com algumas limitações de passagem mas facilmente contornáveis pelos amantes da aventura, contudo e uma vez que a linha foi toda renovada, particularmente as pontes não oferecem perigo mas dando emoções na passagem pelas mais altas.

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Praticamente todo o percurso é acompanhado de paisagens irresistíveis à vista que nos obriga a várias paragens inevitáveis de regalo, vários montes de grande altitude em que no seu vale acompanhamos o Rio Águeda, inicialmente um pequeno curso de água e à medida que avançamos vai alargando para depois desembocar à entrada de Barca D’Alva junto ao Rio Douro.

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Fomos a meio da Primavera e já apanhámos bastante calor o que poderá dificultar a atividade em dias de verão, nos dias mais quentes o melhor será iniciar bastante cedo e levar uma fartura de água, tendo em conta que não há saídas da linha muito menos água corrente para apanhar. É preciso ter cautela no sentido de evitar algum traumatismo físico uma vez que via terrestre não será fácil chegar ajuda, pelo que convém planear os mínimos necessários para o bem estar pessoal.

Linhas_2.pngQuanto à duração é relativo, depende das paragens e do ritmo que se pretende levar, considerando como mínimo 4 horas mas poderá ir até às 7 ou 8 horas de atividade.

No nosso caso fomos de carro até Barca D’Alva, onde apanhámos o Sr. Orlando, tivémos sorte de o conhecer noutras visitas à aldeia e na altura se disponibilizou para nos deixar na estação de La Fregeneda, regressando a Barca D’Alva com o nosso carro e tendo o cuidado de o deixar num lugar seguro e numa sombra.

Não tendo ninguém conhecido lá, há serviço de táxi (um bocado caro segundo nos constou) e também há sempre senhores disponíveis, é uma população pequena e até agradecem que se lhes dê alguma actividade, (uma questão de perguntarem nos restaurantes que lá estão), é um povo bastante simpático e atencioso, estão sempre dispostos a explicar tudo sobre aquele lugar o que acaba por ser sempre interessante meter conversa com alguém de lá.

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Iniciando a atividade….

De Barca D’Alva a La Fregeneda são cerca de 12 Kms, depois de passar a Vila ainda leva mais 4 Kms, viramos à esquerda por um caminho de terra batida e chegamos à Estação. Naturalmente que sendo uma linha desactivada encontramos uma Estação com nítidos sinais de abandono no entanto tem informações importantes, convém sempre consultar o mapa que lá está porque poderá suscitar dúvida sobre o lado onde começar, não vão ter o descuido de começar a andar em sentido contrário e ir até Paris, isto só para rir um bocadinho 

Tunel1_Braços abertos.pngDeixando a Estação, poucos metros à frente vê-se a entrada para o 1º túnel, o maior de todos com 1.590 metros, no entanto surge o primeiro obstáculo, tem na entrada um portão de ferro enorme encerrado a cadeado mas com duas formas de passar, rastejando por baixo do portão devido a uma pequena saliência feita por outras pessoas ou contornando lateralmente, como nós fizemos. Ultrapassada esta barreira iniciámos a passagem pelo túnel, parecia não ter fim, bastante fresco, totalmente recto e sempre se via a luz do dia ao fundo mas devido ao seu comprimento aconselha-se a começar usar a lanterna.

20200420_001658.jpgDaqui em diante é-nos oferecido momentos de muita emoção, não só pelo ambiente que se tem à volta, também o silêncio, a magnitude da paisagem que acompanhamos assim como nos sentirmos na natureza do seu estado puro e distante de qualquer movimento ou som artificial, a vegetação à volta é imensa e na grandeza que existe entre o céu e os montes assistimos ao vôo magnifico de águias e milhafres que por ali têm o seu habitat.

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Depois da saída do 1º túnel passamos a encontrar além de pontes, outros túneis, os pequenos têm à volta de 30 a 40 metros que devido ao tamanho têm sempre luz natural no entanto os túneis maiores poderão ter mais de 400 metros o que é imprescindível usar lanterna, tendo até em conta que alguns são curvos e é impossível atravessá-los sem um feixe de luz ainda assim convém ver onde se pôem os pés, o melhor é seguir pelas laterais mas podem surgir buracos inesperados.   

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A passagem pelas pontes, grande parte delas com 30 metros de altura e com um comprimento máximo de 250 metros são seguras e provocam-nos uma adrenalina fantástica, uma emoção difícil de explicar, tem de se sentir.

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Apesar de não caracterizarmos cada ponte ou cada túnel, disponibilizamos em baixo a lista de todos com respectivos nomes e características, contudo o terceiro túnel merece destaque, encontra-se fechado e uma maior dificuldade em se passar mas apesar de ser possível e termos ponderado se o fazíamos ou não optámos por contorná-lo a fim de respeitar a espectacular comunidade de morcegos ali existente, à chegada há a respectiva informação sobre as espécies protegidas e respeitadas.

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Este túnel tem 420 metros, seria uma passagem rápida contudo contorná-lo leva-nos bastante tempo e algum desgaste físico tendo em conta o que ainda tínhamos para fazer, o trilho está todo marcado e é interessante, no entanto ficámos a moer o tempo que poderíamos ter poupado se tivéssemos feito a sua travessia, ainda assim, nestes casos há que ponderar sempre os prós e contras da decisão a tomar.

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Ponte_redonda.jpgPor cada travessia temos a tentação de olhar para trás e admirar a magnifica obra tendo em conta a época em que foi executada, as técnicas, maquinaria, o árduo trabalho humano, os acidentes, inclusive as mortes, segundo informação recolhida, morreram 37 operários devido a uma inundação no Túnel 1 (o maior de todos) derivando em desabamento de terras.

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À medida que nos vamos aproximando da fronteira com Portugal, o Rio Águeda vai abrindo cada vez mais e o vale vai-se dissimulando com o cruzamento do Rio Douro, as paisagens aqui mudam ligeiramente, o mato selvagem começa a dar lugar ao cultivo principalmente de vinhas o que se torna num tipo de beleza diferente mas magnifica, isto são também sinais de que nos aproximamos da chegada e após passarmos o último túnel damos de caras com as arrebatadoras paisagens de Barca D’Álva, um autêntico paraíso e aqui respiramos de alivio, emoção e  admiração, damos entrada imediata na Ponte Internacional em que a meio encontramos a placa de Portugal uma vez que esta é dividida pelos dois países, ainda assim esta é a única ponte que se mantém no seu estado puro, as madeiras no meio estão podres e não dão segurança nenhuma pelo que avançamos pelos tabuleiros laterais de ferro ficando embasbacados com a maravilhosa paisagem em todo o nosso redor, do nosso lado esquerdo segue o Rio Águeda e do nosso lado direito segue o Rio Douro no seu percurso para Espanha.

Ponte_Internac..png

 

Barca D'alva.jpgPassada a Ponte continuamos pelo trilho e alguns metros à frente chegamos ao destino, a Estação de Barca D’Alva, abandonada infelizmente, mas não deixa de transmitir a sua beleza e imaginarmos o frenesim de outros tempos vendo o corropio de pessoas, mercadorias, máquinas, os sons das pessoas, das máquinas e de um conjunto total de tudo unido, existem bastantes vestígios alusivos a toda a movimentação ali existente, incluindo uma plataforma giratória para servir de base mecânica às máquinas.

Estação Barca Dalva.jpgNa Estação há uma saída à esquerda com acesso à estrada e à aldeia, tornando-se irresistível não nos sentarmos numa das muitas esplanadas corridas que por ali há.

Barca D’Alva apesar de ser um pequeno povo tem bastante dinâmica principalmente entre os meses de Abril a Outubro uma vez que serve de base para os cruzeiros que descem o Rio Douro, lotados de turistas vindos de todas as partes do mundo e onde alguns permanecem o dia inteiro enquanto muitos destes turistas têm um autocarro da mesma empresa dos cruzeiros à espera para os levar a visitar alguns lugares em Espanha, nomeadamente Salamanca.

Atrevam-se a ir lá, nós não nos importamos nada de acompanhar 

Contactem.nos: discoveryemotions@gmail.com

Cruzeiro.jpg

Deixamos algumas sugestões que podem interessar:

- Escolher, se possível, uma altura do ano de temperaturas amenas

- Levar água com abundância, se possível alguma congelada para terem sempre água fresca, atenção que ao longo do trilho não dá para abastecer

- Levar comida suficiente para várias horas

- Levar lanternas, ou usar luz do telemóvel, nos túneis é imprescindível

- Levar calçado de sola rígida (adequado ao trilho)

- Levar protetor solar e chapéu

- Levar máquina fotográfica 

- Não fazer o trilho sozinho, no mínimo duas pessoas, é importante

- Iniciar o trilho o mais cedo possível

- Caso tenha vertigens, melhor garantir a sua segurança

- Grande parte do trajeto não tem rede móvel

 

Deixamos lista de Pontes e Túneis:

  • Túnel 1 - 1.590 Mts
  • Ponte 1- 4 Mts
  • Túnel 2 - 32 Mts
  • Túnel 3 - 400 Mts
  • Ponte 2 - Ponte de Morgados - 100 Mts de comprimento e 30 Mts de altura
  • Túnel 4 - 100 Mts
  • Ponte 3 - Poyo Rubio - 130 Mts de comprimento e 30 Mts de altura
  • Túnel 5 - 20 Mts
  • Túnel 6 - 400 Mts
  • Ponte 4 - Ponte de la curva - 60 Mts de comprimento e 20 Mts de altura
  • Túnel 7 - 100 Mts
  • Túnel 8 - 30 Mts
  • Túnel 9 - 50 Mts
  • Túnel 10 - 20 Mts
  • Ponte 5 - 4 Mts
  • Túnel 11 - 50 Mts
  • Túnel 12 - 200 Mts
  • Ponte 6 - Ponte de Arroyo del lugar - 250 Mts de comprimento e 30 Mts de altura
  • Túnel 13 - 200 Mts
  • Túnel 14 - 100 Mts
  • Túnel 15 - 50 Mts
  • Ponte 7 - Ponte de los Poyos - 200 Mts
  • Túnel 16 - 400 Mts
  • Ponte 8 - Ponte de los riscos - 100 Mts de omprimento 40 Mts de altura
  • Túnel 17 - 300 Mts
  • Túnel 18 - 40 Mts
  • Ponte 9 - Ponte de las almas - 220 Mts
  • Túnel 19 - 20 Mts
  • Túnel 20 - 400 Mts
  • Ponte 10 - Ponte internacional sobre o rio Águeda - entrada em Portugal

Papoilas.jpgPara orientação das descrições, esta actividade foi feita em Maio de 2019

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