Por terras de Sabugal
Todas as épocas do ano são boas oportunidades para visitar lugares, cada um com as suas próprias caracteristicas as quais também são boas de conhecer em qualquer dia do ano. A época Natalicia traz as delicias das decorações, dos sons, dos sabores, acima de tudo das tradições.
A época Natalicia dá-nos fôlego, esperança e entusiasmo, provoca em nós um sentimento de união e harmonia e apesar do frio as pessoas viajam, saem a apanhar ar, a exercitarem-se de alguma forma e convivem porque tudo isto faz parte do nosso bem estar, da sanidade mental e de conhecimento.
SABUGAL
Fomos visitar o maior presépio natural de Portugal no Sabugal no distrito da Guarda. Cidade pacata e abrilhantada pelo seu belo Castelo, o único no país com torre de menage de cinco quinas.
O presépio, agora situado junto ao castelo remete-nos para a história do nascimento do menino Jesus. Jesus Cristo ano zero e a recriaçao da vida familiar e social da época.
Temos uma bela portada por onde passamos e o imaginário despoleta em nós as vivências de outrora, as figuras e o cenário ali compostos transmitem vida, ação e dinâmica conseguindo percepcionar o modo de vida que era praticado.
Todo o resguardo à volta deste lugar é feito com troncos de árvores criando um ambiente acolhedor a toda a volta, sendo a saída feita para o interior do Castelo.
Seguimos para as muralhas, fomos avistando a paisagem a toda a volta porém onde realmente derretemos os olhos com beleza que vemos é na chegada ao cimo da torre de menage, a tal das cinco quinas, de facto cada quina traz-nos vistas soberbas sobre a cidade e as zonas mais afastadas da urbe. É de todo ímpossivel ficarmos imunes a toda a zona à volta pela natureza tão bonita e pelo ar puro e fresco que sentimos quando respiramos, aqui é daqueles sitios que ainda vale a pena respirar bem fundo e desfrutar de momentos de felicidade.
Descemos, visitamos o pequeno mercado de Natal, fizemos compras e seguimos a passadeira vermelha até ao centro da cidade, agora totalmente renovado, molhamos a boca no chafariz e fomos na direção da zona de lazer.
Sabugal está inserido no planalto da Serra da Malcata, é banhado pelo Rio Côa. O castelo é, sem dúvida o maior atrativo da cidade, tem ainda o Museu do Sabugal, o solar dos Britos de fachada nobre, a igreja de S. João e da Miserircórdia.
Na zona de lazer conta com praia fluvial e um passadiço que nos permite desfrutar dum belissimo passeio pedestre ao longo das margens do rio Côa, rodeados de imensa relva, alguns pontos para exercicio fisico, bancos, a água corre fresca e cristalina e sempre com vistas para o castelo, terminando junto a uma comprida mas estreita ponte romana, no fim ficamos com uma sensação de bem estar e tranquilidade.
Deixámos Sabugal e seguimos para Vila do Touro são uns 10 kms que as separam.
VILA DO TOURO
Vila do Touro tem uma mística que paira no ar mas que não se explica, a única certeza é de que nos faz sentir bem andar pelas ruas, observar a sua natureza envolvente, subir ao talefe e admirar uma paisagem sem limite. Tem a particularidade dumas enormes rochas de granito que parecem ter sido lançadas por um gigante de muito longe e foram ali cair, as construções das casas foram-se adaptando ao posicionamento destas rochas o que lhes confere alguma originalidade e beleza.
Vila de Touro poderia ter um Castelo, porém na época da sua construção deu-se o tratado de Alcanizes o que levou a perder a importância de defesa fronteiriça e por tal tem um grande arco gótico com dois panos de muralha, encontramos ainda um talefe no alto da Pena que serve como ponto de referência.
Apesar das obras terem sido interrompidas podemos caminhar sobre a muralha sendo um lugar bastante prazeiroso e o silêncio é magnifico. Achamos o lugar encantador.
Muito próximo do arco existe uma capela com alpendre, a de N.Sra. do Mercado, tem ainda igreja matriz, Pelourinho e um Coreto.
A presença arquitetónica de traço Manuelino destaca-se por umas belíssimas janelas que podem ser vistas na rua que termina junto ao Fontanário e Pelourinho.
Quase não se via ninguém na rua e a ideia com que ficámos é de que poucos habitantes terá no seu quotidiano apesar de haver obras em curso na remodelação de vários edifícios de habitação.
Esta aldeia umas das cinco medievais do concelho de Sabugal provocou-nos a vontade de ficar ou voltar ainda assim tomámos a decisão de ainda passar por Vilar Maior, são 26 Kms.
VILAR MAIOR
Ao chegarmos percebemos que estávamos noutra aldeia com muito poucos habitantes, encontrámos um café que ao que parece é o ponto de encontro de vários lugares próximos, os que ainda residem ocupam-se maioritariamente do gado e com o qual ganham a vida.
Vilar Maior dá ares de que noutros tempos mais remotos se viveu por ali uma vida mais dinâmica, no inicio do percurso principal encontramos o solar dos Rebochos que denota uma arquitetura nobre datada do séc XV.
Logo acima da rua encontramos um painel com gravuras rupestres e o museu cujo edifício já teria sido câmara municipal, tribunal e prisão.
No patamar acima, mesmo junto ao cemitério vemos as ruínas da igreja medieval de Santa Maria do Castelo, por ter sofrido incêndio ficou parcialmente destruída dando lugar uma boa parte à construção do cemitério onde foram colocados alguns elementos decorativos, ainda assim podemos admirar no que ainda permanece da igreja um belo arco triunfal de volta perfeita.
Após passarmos o cemitério encontramos um pequeno monumento a Vilar Maior dando a conhecer a sua antiguidade de 725 anos sendo o seu foral concedido por D. Dinis e de frente eleva-se aos nossos olhos uma imponente torre de menagem acoplada às muralhas do castelo para onde nos dirigimos através dum passadiço.
Já dentro do castelo podemos admirar uma cisterna e vestígios duma aldeia outrora ali existente.
Descemos pela rua contrária de onde tínhamos subido e fomos novamente dar à imponente igreja matriz dedicada a S. Pedro que combina com uma torre de origem germânica recentemente restaurada.
Na saída de Vilar Maior tem sobre o Rio Cesarão uma ponte romana com três arcos de volta perfeita e com o tabuleiro em forma de rampa com piso natural que ao atravessarmos nos dá a sensação de estarmos na época medieval mesmo que por breves momentos dure a sua passagem.
TERMAS DO CRÓ
Para terminarmos este passeio por terras raianas optámos por parar nas Termas do Cró. Remontam ao séc. XIX reconhecidas pelas águas medicinais com os seus notáveis efeitos curativos cujo balneário foi construido já no séc. XX porém devido a dificuldades financeiras fecharam em 1974 pelo que restam as ruínas de vários edificios na altura edificados denontando uma imperiosa estância para a época.
Atualmente e por iniciativa da câmara do Sabugal foi construído o novo balneário depois de 2013 tendo nos dias de hoje uma belissima unidade hoteleira e várias valências no que concerne ao termalismo terapêutico e wellness Spa.
A envolvência dos edificios tanto os antigos como os modernos é de um meio campestre puro e tranquilo que convida a um contato com a natureza no seu estado mais puro.
Por estes lados do interior raiano vive-se uma vida pura, amena, inspiradora e bonita que nos carrega de energias boas para o inicio de qualquer coisa que nos propomos e a vida assim continua....