Passadiços do Mondego
As serras, outrora conhecidas pelos mais afoitos estão atualmente acessíveis aos aventureiros mais regardados através de passadiços, naturalmente que não agrada a todos, pois há quem defenda a natureza no seu estado puro e a não invasão às espécies da fauna e flora além de que emerge a preocupação a longo prazo da possível falta de manutenção ou até abandono das estruturas de madeira que, do mal o menos, esperamos que nenhuma destas hipóteses venha a acontecer. A seu tempo veremos.
Há ainda os simpatizantes dos passadiços que os vêm como uma possibilidade de contato com a natureza mais selvagem e ver lugares que de outra forma não teriam condições para conhecer, tão pouco desfrutar.
Esta dualidade de opiniões e sentimentos acresce ainda da forma como alguns municípios encontraram para dinamizar aldeias, comércios, empreendedorismo local ou até quem sabe algum repovoamento. O tempo tudo ditará.
Os passadiços do Mondego estão inseridos na região da Guarda entre Videmonte e a Barragem do Caldeirão, território Geopark Estrela da Serra da Estrela o que pressupõe por si só a certeza de que toda a envolvência é garantidamente de uma excelente qualidade paisagística e de uma riqueza de elementos ímpar.
Ao longo de todo o percurso de quase 12 Kms a oferta é grande e variada, além das fabulosas paisagens que a natureza no seu estado mais puro tem sempre disponível para nos oferecer, tem ainda veredas, açudes, cascatas, levadas, moinhos de água e vestígios dum grande património industrial têxtil, antigas fábricas de lanifícios onde teve origem o famoso cobertor de papa e cuja sinalética nos vai alertando para todos os engenhos que ali foram construídos no séc. XIX, tais como: Engenho dos Carriços, da Canada, do Pateiro, Fábrica Velha e Nova e a Fábrica de Marrocos cujo edifício permanece com as paredes levantadas e ostentando uma imponente e qualidade de construção (1850)
O trajeto pode começar por ambos os extremos, a nossa experiência iniciou em Videmonte, onde mesmo às portas da aldeia existe um espaço de estacionamento e pórtico de entrada, de salientar que não é permitida a entrada de animais, assistimos a duas famílias que não estavam prevenidas tendo-lhes sido barrada a passagem.
Através deste pórtico o inicio começa em descida de escadas até atingir zona do vale ladeado por grandes encostas repletas de vegetação rasteira do lado esquerdo tendo como contraste do lado direito flora de espécies arbóreas onde desce o ribeiro do Barrocal ao encontro do rio Mondego mais abaixo.
O percurso é sempre em desnível e ao chegarmos ao açude dos Trinta temos o privilégio de atravessar a primeira das três pontes suspensas.
Após a ponte avançamos por estradão de terra batida do qual faz parte de uma das várias zonas em que não há passadiços uma vez que foram aproveitados partes de trilhos já existentes e assim termos o privilégio de caminhar sobre a natureza pura que no total dos quase 12 Kms equivale a cerca de 5 kms. Nossa opinião são as melhores partes do percurso, mas sobre isto somos suspeitos uma vez que previligiamos andar sobre o que é natural.
Voltando aos passadiços e novamente ao trilho natural que termina na entrada de Vila Soeiro merecendo um desvio para visita desfrutando dum bom ambiente de aldeia.
O percurso a partir daqui é durante um km aproximadamente em estrada de alcatrão mas que a placa de indicação nos manda a atravessar a ponte da Mizarela e logo de imediato a aldeia de Pêro Soares.
Imediatamente após a Ponte da Mizarela faz-nos pensar que não seria tão penoso se tivéssemos feito o percurso ao contrário, espera-nos uma picada um bocado agreste em estradão de terra batida mas de grande dificuldade para os menos resistentes.
E quanto tudo parece que já passou aproxima-se algo bastante árduo, voltamos aos passadiços erguendo-se à nossa frente uma escadaria com 700 degraus considerada grau de dificuldade difícil e que nos leva ao final desembocando no paradão da barragem do Caldeirão, não sem antes apreciarmos uma deslumbrante cascata da água que escorre do imponente escombro de granito que ostenta uma beleza incrível.
Para voltar ao ponto de partida a fim de apanhar o carro há várias hipóteses, uma é voltar a fazer o percurso ao contrário apesar que na nossa opinião poderá se tornar bastante cansativo, outra é justificando levar dois carros ter um em cada extremo e outra hipótese é apanhar um táxi que por norma estão na zona do paredão da barragem ou chamar um da central da Guarda, o contato encontra-se no site dos passadiços.
Entrando por Videmonte como fizémos, todo o percurso é bastante agradável de fazer porém os últimos dois quilómetros são dificeis o que nos leva a sugerir a quem sentir que possa ser esforço a mais começar pela barragem do Caldeirão e sair no pórtico de Videmonte.
Ficamos à disposição para qualquer dúvida que surja, teremos todo o gosto em colaborar.
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