Nave da Mestra mágica
Gostamos de nos sentir em lugares mágicos nem que seja por pensamentos, há quem ache até que por serem mágicos não passam de pensamentos, mas esta idéia é relativizada por cada um.
A Serra da Estrela tem lugares assim, não parecem verdade quando se lá está, sentimo-nos impotentes para explicar o que se sente, o que se vê, o que se cheira.
Esta montanha tem ainda segredos e tesouros que valem bem a sua procura e o mais intrigante, quem os encontra fica mais rico, fica mais íntimo consigo e com a montanha.
Objetivo: Nave da Mestra – Serra da Estrela
Altitude: 1.700 Metros
Tempo: 5H.
Distância: 14 Kms - Circular
Esta actividade pode começar em vários lugares como: Manteigas, Lagoa comprida, Torre, são alguns exemplos, no nosso caso decidimos pelo Vale do Rossim nas Penhas Douradas.
Percorremos o paradão da barragem do Rossim e seguimos pela rota que nos leva ao lugar que escolhemos, a Nave da Mestra.
O percurso está sinalizado e cada metro que passamos nos damos conta que estamos a entrar numa espécie de paraíso, é tudo de um grande encanto, desde as fragas de gigantes amontoados graníticos, à riqueza da flora, às cores predominantes, os cheiros são de um perfume tão soberbo que inalamos com grande profundidade, é como que queremos ficar com o aroma dentro de nós o máximo tempo possível, faz-nos sentir tão bem, tão leves.
À medida que caminhamos damos conta de autênticos jardins de uma perfeição que só mesmo a natureza é mestre, subimos a uma fraga, contemplamos o horizonte e de tão bonito parece surreal, vemos botões gigantes amarelos e verdes, outros formatos em rosa e o cinza do granito, estas cores dão vida a giestas, ao zimbro, às urzes, aos cervunais, algumas das espécies que todas juntas nos arregalam a vista e o olfacto.
A Nave da Mestra presenteia-nos com uma magia muito peculiar e remontando à sua história conta-se que a casa construída na Nave fora mandada fazer pelo juíz Dr. Matos como casa de repouso em 1910, diz-se até que servira de refúgio para a sua cura de tuberculose.
O que mais impressiona é a sua construção, não pela sua arquitectura, é uma casa pequena e ampla, com uma porta e duas janelas de ferro, mas impressiona pela grandiosa complexidade no levantamento da poderosa laje que faz de telhado, uma placa de granito com várias toneladas e atendendo ao local e meios da época poder-se-á imaginar a brutalidade de trabalho que por ali aconteceu, parece que trouxeram de Manteigas macacos hidráulicos e materiais em cima de mulas, ainda assim parece pouco.
Ao longo do tempo a casa foi deixada ao abandono e vai servindo de abrigo a pastores e seus rebanhos ou a alguns aventureiros.
Quando se chega junto das gigantes fragas da Nave da Mestra é imperdível entrar pelo topo onde está a entrada de uma longa fenda, um fenómeno geológico que nos tira do sério de tão entusiasmante a sua descida, assim que desembocamos da fenda arregalamos bem a vista para nos pasmar com tamanha beleza natural que vemos a todo o redor.
Somos ladeados com um bloco granítico à direita tipo de um pão de forma e à esquerda, percebemos que a parede se desprendeu de algumas toneladas de rocha.
Virados de frente temos para a direita a Lagoa Comprida, os Cântaros, o Covão D’Ametade, de frente temos o Vale da Candeeira e a depressão do Vale Glaciar, para a esquerda fica Manteigas.
Descemos ao vale e de frente da casa há um espaço amplo enorme, cheio de tufos que nos amortecem as passadas, ao fundo um riacho com água corrente e fresca, e a toda a nossa volta percebemos que estamos ladeados de muros propositados ao espaço circundante.
Quando se olha para o lado de Manteigas vemos um penedo gigante com o formato de uma barca, pelo que este lugar emprega outro nome como sendo a Nave da Barca Herminios. Histórias que foram ficando....
O regresso, derivámos no sentido das Penhas Douradas apanhando um trilho bastante acessível e se a vinda foi presenteada de beleza, o regresso superou.
Já muito próximo do alcatrão, desviámos pelo Vale das Éguas, tipo de um pequeno bosque encantado que também tem trilho marcado e nos leva desde o fundo da barragem do Rossim até ao paradão de onde partimos.
No final e como não podia deixar de ser, para refrescar, um mergulho no lago.
A vontade de voltar é tanta que teremos todo o prazer em acompanhar quem se render a estes lugares paradisíacos, contactem-nos: discoveryemotions@gmail.com
Para referência, esta atividade foi realizada em 31/05/2020