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Emotions in Beiras

Organizamos passeios meditativos com atenção plena à natureza. Ativar os sentidos e ver as coisas como elas são.

Emotions in Beiras

Organizamos passeios meditativos com atenção plena à natureza. Ativar os sentidos e ver as coisas como elas são.

Qua | 02.11.22

Na Rota do Mármore

Dulce Ruano

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Portugal, um país tão diversificado, tão rico, tem tanto para ver, conhecer, desfrutar e por vezes até lhe conseguimos espreitar o interior, ver o que está por baixo dos nossos pés conseguindo ter um minimo vislumbre do que é feito e percebermos que por baixo da terra que pisamos há muito mais do que vemos à superfície ou o nosso imaginário possa deduzir particularmente para quem não é perito em matérias de geologia ou semelhantes a este tema.

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A extração de pedra em Portugal tem uma história extensa, os romanos, com o intuito de construir os seus monumentos faziam a exploração no território em que a pedra mármore desempenhou um papel importante em diversas áreas principalmente na de construção e decorativa.

No Alentejo, temos, em diversas zonas geológicas, grandes fontes de mármore o que faz de nós um dos maiores exportadores mundiais com as cinco dezenas de explorações ativas apesar dos cerca de 400 buracos existentes.

Fomos visitar um dos muitos anticlinais alentejanos, são feridas à natureza, é um facto, ainda assim, a extração do ouro branco faz parte da nossa tradição, da nossa marca, da nossa reputação enquanto potencial geológico.

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Objetivo:       Rota do Mármore

Guias:          Rotadomarmoreae

Zona:          Vila Viçosa

Tempo:        2 Horas

Dificuldade:   Fácil

Partir pedra, não será tarefa fácil, confesso que nunca experimentei, mas se pensarmos na forma rudimentar que os nossos antepassados usavam para fazer este trabalho comparado com as artimanhas modernas, acredito que continue a ser uma árdua tarefa que merece todo o respeito pelo esforço e dedicação de quem trabalha nestas explorações.

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Por suscitar curiosidade e ver de perto uma pedreira fomos até Vila Viçosa, princesa do Alentejo, terra que viu nascer Florbela Espanca, poderíamos talvez, ter ido a Borba ou Estremoz mas a segurança e a certeza de termos acesso ao anticlinal levou-nos a procurar serviço de guia sediado em Vila Viçosa, a Rota do Mármore que recomendamos pelo excelente serviço de interpretação e orientação.

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Pouco ou nada entendidos nestas coisas da extração do mármore, tentamos seguir afincadamente as explicações que nos foram dadas porém o que se vê naquele ambiente é tudo tão gigante e de aspeto hercúleo que não é fácil absorver tudo o que nos é dito ainda assim vimos ambientes verdadeiramente de pesos pesados.

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É incrível ter a oportunidade de ver a maquinaria de peso pesado a trabalhar sobre os grandes blocos extraídos das profundezas dos buracos, parecendo impossível que à volta de 1 m2 de pedra possa ter um peso aproximado de 3 toneladas, a título de exemplo o bloco da imagem em baixo deverá ter mais ou menos umas 19 toneladas, são de facto números dantescos que nos custam a crer e por aqui não se falam em kilogramas, é sempre à tonelada para cima

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Das várias empresas de exploração sabe-se que cada uma tem o seu segmento, umas focam-se só na extração de blocos, outras além de extraírem têm as seções produtivas em que umas se projetam nos ladrilhos, outras em bancadas, outras para peças decorativas e haverá ainda o mercado da escultura. A nossa visita centrou-se numa empresa de extração e execução de ladrilhos.

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A maquinaria na área produtiva é toda especializada seguindo os diversos processos desde o corte dos blocos em grandes fatias até ao corte de peças mais pequenas neste caso em tamanho de ladrilho até ao seu empacotamento e preparação para seguir viagem, uma grande parte para países do oriente.

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Assistimos a dois processos de corte, um mais rudimentar com máquinas movidas por um braço gigante que sobre um bloco gigante de muitas toneladas aplica uma poderosa serra com 80 lâminas à largura do que se pretende cortar e que pode levar de 10 a 12 horas, outro processo consiste numa máquina de serra com fio de diamante que poderá reduzir o tempo para metade ou menos, naturalmente que os custos serão acrescidos, referindo ainda que em todos os processos de corte é imprescindível o uso permanente de água para fins de arrefecimento dos mecanismos usados.

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Após estes cortes o processo passa à zona de polimento onde sai o produto final pronto para a embalagem e consumo no mercado. São processos todos eles bastante árduos em termos de condições laborais, há frio, calor, humidade, ruído, correntes de ar, risco de saúde por muita proteção e cuidado que as empresas possam oferecer, ainda assim vimos colaboradores simpáticos e atenciosos.

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Antes de se chegar ao processo de transformação do produto final assistimos ao colosso da extração, o ambiente físico à nossa volta, além dos gigantes blocos, assistimos a uma grande concentração de poderosas gruas que servem para baixar máquinas, colaboradores, utensílios e puxar para a base tudo o que levam para baixo e ainda os blocos extraídos.

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O gigantesco buraco que o guia João nos mostrou é talvez um dos maiores da Peninsula Ibérica com 150 metros de profundidade, é impressionante o colossal trabalho feito pelo homem com o auxilio de maquinaria.

No local onde nos encontrávamos há uma pequena base suspensa onde, quem tem coragem, ir e desfrutar duma vista para baixo impressionante, admirar os imensos patamares que entretanto já foram explorados e que em média podem levar mais ou menos uns cinco anos por cada piso explorado.

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É dantesco, místico ao mesmo tempo assustador estar num lugar tão imperioso e deslumbrante pelas camadas que conseguimos ver e admirar por baixo da crosta terrestre que calcamos.

Qualquer descrição que se faça tanto em palavras como em imagens ficam aquém do que os nossos olhos e alma captam ao natural. Comprovamos, matámos a curiosidade mas queremos voltar.

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