A Serra da Estrela lembra um trono de granito imensurável, admirar e andar sobre os rochedos provoca um sentido de aventura potente, caminhar sobre trilhos em busca da descoberta liberta-nos, são lugares abertos, livres, a natureza está exposta de forma espontânea e magnifica a qual merece todo o nosso respeito e admiração no seu estado tão puro.
Os seus elementos são de uma diversidade tão vasta que nos é difícil selecionar em qual investir o nosso prazer de estar nela e em qualquer estação do ano há tanto para desfrutar no mesmo lugar, experiências que nos trazem felicidade, momentos únicos de tanta beleza, grandeza e admiração.
Estar nestes lugares torna-nos pessoas felizes, ultrapassamos adversidades e no nosso pensamento só passam coisas boas sem fazer juízo do que quer que seja, sejamos felizes então.
Entrámos pelo bosque das Faias de S. Lourenço adentro, a última vez que estivemos havia um mês, as Faias estavam com a folha verde mas lindíssimas, não se vê o céu, abrigam-nos, são corpulentas, altivas, as suas folhas são de uma leveza tal que parecem flutuar, sentimo-nos majestades dentro de nós próprios.
Objetivo: Rota das Faias de S. Lourenço
Altitude: Entre 880 m e 1.174 m
Tempo: 2 H.
Distância: 5,4 Km ou 6,5 Km com derivação
Dificuldade: Médio
Andar dentro da Serra da Estrela subir rochas, descobrir trilhos ou vencer obstáculos fazem parte da aventura de quem gosta deste estilo de vida, é o que mais nos atrai, ainda assim, derivado à estação do Outono que atravessamos e à experiência vivida num dos bosques mais bonitos do mundo, voltámos lá, ao Bosque das Faias de S. Lourenço.
Atravessámos Manteigas em direção às Penhas Douradas, se já vinhamos regalados com a viagem, o deslumbre começou em alta com a beleza oferecida pelas encostas guarnecidas de cores quentes, alegres e aconchegantes, a palete estava repleta de castanho, amarelo, laranja, vermelho, verde, mas estas cores tinham ainda várias tonalidades cada uma, imagine-se a mistura frenética que ali vai naquelas encostas.
Cortámos à direita onde estão indicações para Gouveia, Covão da Ponte, Faias de S. Lourenço, pouco mais à frente estacionámos em Cruz das Jogadas e damos inicio ao percurso pelo estradão.
Poucos metros à frente subimos à esquerda até ao ponto mais alto do monte onde encontramos a Capela de S. Lourenço.
Este lugar, a 1.200 m de altitude tem umas vistas magnificas com destaque para os Cântaros, Torre e Curral do Vento mas as mais íncriveis são sem dúvida para o Vale do Zêzere e as suas encostas, junto à Capela encontramos uns Carvalhos de grande porte e com historial de vida à volta dos 400 anos.
Após esta paragem voltamos ao estradão, não oferecendo qualquer desnível, levando-nos até ao Posto de vigia, aqui a paragem é inevitável, tem umas vistas que nos deixa de queixo caído, além do Vale do Zêzere que da Capela era bem visível parece que aqui ganha outro esplendor, em frente vemos o Vale da Amoreira e bem lá ao fundo vemos Valhelhas.
Respiramos mais fundo aproveitando o ar mais puro e começamos a descer.
O trajeto está perfeitamente marcado e não oferece qualquer dificuldade de interpretação, vamos descendo e entramos noutro estradão que nos conduz às Faias mas antes vamos aguçando os sentidos com a floresta dos altivos e majestosos pinheiros do Oregon, são impressionantes com os seus grossos troncos e a brutalidade de altura que atingem mas o que impressiona ainda mais é a sua verticalidade.
Devido às suas cores de tons mais escuros torna-se uma zona misteriosa, tudo à sua volta está rodeado de musgo de um colorido verde bastante acentuado, nesta mistura com os castanhos dos troncos e do folhelho existente no chão emergem cogumelos grandes de chapéu vermelho vivo, estes elementos remetem-nos para um mundo à parte daquele que habitualmente convivemos noutros lugares da Serra da Estrela.
Após passarmos pelos enormes pinheiros, entramos no encanto das Faias, nesta fase do ano presenteiam-nos com um belissímo tapete de folhelho castanho bastante intenso, as Faias estão-se a despir mas contínuamos a sentir que nos protegem, o céu aqui não reina, sentimos que estamos num bosque paradisiaco tipo dum bosque encantado com a impressão que aparecerão fadas, duendes e principes montados em seus belos cavalos.
O silêncio que se sente é de uma grande introspeção, a serenidade remete-nos para um estado de pureza de alma com o qual se ausenta tudo o que de menos bom há na vida, diria, no mundo.
Somos presenteados com mistura de cores das folhas que de tão leve aparência nos faz parecer que não estão agarradas aos ramos, parece que apenas flutuam, apresentam uma arquitectura tão sublime, tão leve.
Este lugar garante-nos uma paz e harmonia inexplicável, aqui todos os problemas são absorvidos, a quietude domina e aqui sentimo-nos a restabelecer totalmente de qualquer adversidade da vida e do mundo em que vivemos.
Ao fundo deste belissímo corredor cortamos à esquerda e começamos a descer, a magnitude da beleza presente é contínua e intrigante, não tem explicação.
Terminamos a descida e temos duas opções, encontramos uma pequena casota em madeira com a placa "Casa do Leite" e podemos ir para a direita onde já não há mais desníveis chegando ao ponto de partida e aqui perfaz os 5 Km ou para os mais aventureiros, deriva-se para a esquerda e cumprir-se-á com os 6,5 Km.
Nossa opção foi seguir para a esquerda e não parámos de nos surpreender com o extremo encanto da diversidade de árvores e vegetação encontrada, saímos do estradão e entramos num trilho à direita como indica a placa em direção a Cruz de Jogadas...
... aqui o terreno é em declíve acentuado e chegando ao fundo deste entramos em zona de terrenos onde se denota algum mero cultivo...
... continuamos pelo estradão e damos inicio à grande subida da encosta que nos leva ao final desta aventura mágica.
Este percurso consegue-se fazer em autonomia e não oferece grande resistência particularmente pela via mais fácil, ainda assim, estamos ao dispor para acompanhar. Nosso contacto é: discoveryemotions@gmail.com