Ao encontro do Aguilhão
A Serra da Estrela é imponente. Majestosa. Perfeitamente capaz de nos surpreender a cada passo dado, a panóplia de paisagens, as rochas ali expostas, a vegetação, os sons e o silêncio dão-nos uma dinâmica tanto de alvoroço como de tranquilidade. Provoca-nos uma certa inquietude interior, pasmamos de tanta beleza, de perfeição e nos faz questionar a razão da vida agitada que temos nos nossos quotidianos porque ali, dentro dela, tudo se esvanece, só temos vista e emoções para o que está ao nosso redor, nada mais interessa.
O Aguilhão, apesar de ser uma formação rochosa de grandes proporções, particularmente em altura, localiza-se num dos mais belos vales da serra da Estrela, o Vale de Beijames.
Objetivo: Aguilhão
Altitude: Entre 1163 e 1427 m
Tempo: 4 H.
Distância: 10 Kms circular
Dificuldade: Médio
Para se chegar ao Aguilhão há vários percursos em diferentes direções que nos levam ao encontro deste Tor, desde os Poios Brancos ou de Verdelhos qualquer das opções são excelentes. Decidimos por uma vertente de Manteigas. Depois de passarmos pelo Poço do Inferno e 980 metros a seguir, tivémos o nosso ponto de partida.
Seguimos uma placa que indica Aguilhão a 5 Kms, iniciámos subida por um estradão repleto de castanheiros, o tapete castanho avermelhado estendido aos nossos pés denuncia a época do Outono, a subida é leve e o ambiente é florestal.
Após a primeira subida, derivamos à direita, vamo-nos encantando pelo arvoredo a toda a volta, as encostas são ingremes, à nossa direita o deslumbre de paisagem da zona do Poço do Inferno, a cascata é imponente, as corneanas dão-lhe um encanto ímpar, a mistura de cores e o formato que o arvoredo dá à encosta deixa-nos perplexos com a sua beleza.
Continuando no estradão derivamos novamente à direita e a partir daqui os nossos sentidos fixam-se nos amontoados de rochas com formatos íncriveis, provocam-nos, sorriem da nossa fraqueza de não as compreendermos, inquietam-nos, mal sabiamos nós o que ainda estavamos para ver...
Num estradão em linha reta derivamos à esquerda, a placa diz Aguilhão 3,1 Km, o rochedo continua a fazer-nos umas travessuras, continua a inquietar-nos, passamos por uma gigante em formato oval que parece ter sido esnocada como quem parte um pão à mão, outra parece a cabeça de alguém pencudo, e depois disto assoberbamo-nos com a arrebatadora paisagem de diversos montes totalmente repletos de floresta, no vale vemos Verdelhos e bem lá ao fundinho está Valhelhas.
Que pureza, que ar tão puro, que visão regalada e acima de tudo que grande liberdade sentimos. Seguimos pelo trilho devidamente marcado por pequenas mariolas, as passagens de água são uma constante, algumas formam pequenas cascatas e isto é o único som que ouvimos, o das águas a escorrer, ahhh, não, não é bem assim, esquecemos de referir que existe outro som, o do silêncio, quando o convidamos.
Depois de percorrer esta encosta de mil encantos, de sentirmos que encontrámos mais um paraiso, estavamos prestes a entrar noutro, descemos ligeiramente, sempre por onde as mariolas nos indicam e logo a seguir damos inicio a um novo espetáculo, um dos mais encantadores vales que a Serra nos oferece, o Vale de Beijames, vemos a Ribeira de Beijames a serpentear pelo vale abaixo.
Os nossos olhos percorrem o vale e a ribeira no sentido ascendente, de repente é como que nos cai tudo ao chão quando reparamos no grandioso Tor ali mesmo junto às margens de Beijames, o empilhamento geométrico é de uma brutalidade íncrivel e no seu topo uma rocha solta que ninguém sabe como ali foi parar nem há quanto tempo, fez-nos lembrar um bolo alto de várias camadas e no seu topo uma cereja.
Ribeira de Beijames tem inicio na zona dos Poios Brancos, salta para o vale numa belissima cascata projetando-se a 300 metros abaixo junto ao Aguilhão onde recebe as ribeiras do Espinheiro e da Portela seguindo o seu percurso até Verdelhos onde desemboca no Rio Zêzere.
Sentimo-nos reduzidos perante a magnificência das íngremes encostas a toda a nossa volta, sem qualquer dúvida, pasmamos com o belo de tudo ao nosso redor. A emoção pede-nos para ficar, porém temos de regressar. Voltamos ao trilho, encontramos novamente umas rochas que nos fazem parar de novo e deixam-nos cheios de interrogações.
O som das cascatas a bater no ambiente rochoso é impressionante, vamos subindo ao encontro de um estradão que nos dirige para o que nos levaria para o Covão D'Ametade à esquerda ou Manteigas à direita.
Neste cruzamento temos duas opções à direita, um leva-nos a descer a encosta até ao Poço do Inferno, é de maior distância, de terreno bastante desnivelado e rochoso, o outro é sempre estradão e vai ao encontro da placa que indica o Aguilhão regressando pela última etapa de onde começamos.
Optámos por este último, mas passámos imenso tempo a questionar uma vez mais a morfologia das rochas, dá a impressão que outrora foram ali espalhadas e um vassourão gigante as varreu e colocou aos montes, dando-lhes formatos inexplicáveis, uma certeza há, não foi obra humana, talvez dos deuses ou sabe-se lá o quê.
Garantimos que depois de uma experiência destas nos tornamos mais fortes, mas acima de tudo mais felizes, se quiser sentir por si próprio, contacte-nos, nós vamos e com muita satisfação: discoveryemotions@gmail.com